Para estar junto não é preciso estar perto, e sim do lado de dentro.
(Leonardo da Vinci)
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Balé
Composição: Sandra Peres / Zé Tatit - Palavra Cantada
Pisar no chão com a ponta do pé
Tocar o céu com a palma da mão
Manter ereta a postura
Amolecer a cintura
Balé precisa de dedicação
O bê-a-bá é pas de bourrée
Depois vem o pas de deux, dois plier
Nasci pra ser bailarina
É só por a sapatilha
Já sinto bater o meu coração
Papai um dia me deu um conselho
Treinar sozinha na frente do espelho
Às vezes sonho que estou dando um salto
E caio bem no meio de um palco
Tocar o céu com a ponta do pé
Pisar no chão com a palma da mão
Com longos alongamentos
O corpo é um instrumento
Balé precisa de dedicação
Depois vem o pas de deux, dois plier
Nasci pra ser bailarina
É só por a sapatilha
Já sinto bater o meu coração
Papai um dia me deu um conselho
Treinar sozinha na frente do espelho
Às vezes sonho que estou dando um salto
E caio bem no meio de um palco
Tocar o céu com a ponta do pé
Pisar no chão com a palma da mão
Com longos alongamentos
O corpo é um instrumento
Balé precisa de dedicação
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Escutatória
por Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma". Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem.
Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou". Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia e que de tão linda nos faz chorar.
Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
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